quarta-feira, 14 de outubro de 2009

RETRATO DO BRASIL RURAL.


O agronegócio é o setor que salva a economia do Brasil: além de gerar milhões de empregos, distribuir rendas e garantir o alimento para a população, é o setor que gera o saldo positivo na balança comercial brasileira. A constatação está no Censo Agropecuário realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2006 e cujos resultados foram divulgados recentemente.

Apesar de a grande mídia dar mais atenção a concentração de terras no País como um fato negativo, a grande informação do Censo é que esta concentração permite um ganho de produtividade e garante o saldo positivo da economia. O censo mostra que o país produz muito mais hoje em muito menos terra. Em 2006 havia 23 milhões de hectares a menos dedicados à agropecuária do quem em 1996. Segundo o IBGE, estas terras foram destinadas às reservas indígenas e a áreas de preservação.

Segundo o economista Carlos Alberto Sardenberg, em 2008 o total das exportações brasileiras foi de US$ 197,9 bilhões, sendo que a parcela do agronegócio corresponde a US$ 71,8 bilhões, ou 36,3%. No mesmo ano, as importações brasileiras somaram US$ 173,2 bilhões, sendo que o agronegócio importou US$ 11,8 bilhões, ou 6,8% do total. Em 2008, o superávit da balança comercial foi de US$ 24,7 bilhões. O superávit do agronegócio, sozinho, foi de US$ 59,9 bilhões.

Os números não deixam dúvidas: o agronegócio garante o saldo positivo da balança comercial brasileira. De 2002 a 2008, o setor fez US$ 270 bilhões de saldo comercial, convertido em reservas. O Censo do IBGE traduz esta realidade fazendo um completo raio-x do campo brasileiro, mostrando que a expansão do agronegócio garante às regiões uma significativa melhora na qualidade de vida e nos índices econômicos e sociais, a exemplo do que ocorre no estado do Mato Grosso, maior produtor de soja.

Se a concentração na distribuição de terras permaneceu praticamente inalterada nos últimos vinte anos, a produção e a produtividade aumentaram de forma extraordinária. Com crescimento de 88% na produção, a soja foi a cultura que mais se expandiu na última década. De 96 e 2006, houve um aumento de 42% das áreas agrícolas irrigadas, dando uma dimensão do aumento da tecnologia usada no campo.

Em 2006, o Censo Agropecuário apurou que os 5.175.489 estabelecimentos agropecuários ocupavam 329.941.393 hectares, o equivalente a 36,75% do território brasileiro (851.487.659 hectares). Em relação ao Censo de 1995, houve uma redução de 23.659.882 hectares na área total dos estabelecimentos agropecuários (-6,69%). Um dos motivos para isso, segundo o IBGE, foi a criação, contando a partir de 1995, de novas terras indígenas e unidades de conservação, as quais correspondem a um total de 60.630.859 hectares.

Criação de bovinos é atividade principal mais comum

Em 2006, a atividade principal dos estabelecimentos agropecuários era a criação de bovinos, identificada em mais de 30% deles. Em seguida, vinham o cultivo de outras lavouras temporárias (que inclui feijão e mandioca), em cerca de 18% dos estabelecimentos; o cultivo de cereais (12%) e a criação de aves (9%). Os estabelecimentos que têm como atividade principal a cana-de-açúcar ficaram com a maior participação no valor da produção agropecuária (14%), seguidos por aqueles que se dedicam prioritariamente ao cultivo de soja (14%), criação de bovinos (10%), cultivo de cereais (9%) e cultivo de outros produtos da lavoura temporária (8%). Os estabelecimentos especializados foram responsáveis por 81% do valor da produção agropecuária.

Houve um pequeno aumento, de 1,7 milhão de hectares (1,8%), da área total de pastagens plantadas, porém ele não se deu por igual. A área cresceu 5,8 milhões de hectares (39,7%) na região Norte, sobretudo em Rondônia (1,9 milhão de hectares ou 75,8%) e no Pará (3,2 milhões de hectares ou 55,3%). Na região Nordeste, o aumento foi de 2,4 milhões de hectares (20,1%), concentrados no Maranhão (1,1 milhão de hectares ou 38,2%) e na Bahia (1,0 milhão de hectares ou 15,9%). Nas demais regiões, entretanto, verificou-se redução.

Em relação às áreas de lavouras, observou-se aumento em todas as regiões, com ganho total de 9,7 milhões de hectares (19,4%). No Norte, verificou-se mais 1,1 milhão de hectares, um aumento de 37,3%, com destaque para o Amazonas (560 mil hectares ou 184,2%). Na região Nordeste, o aumento foi de 725 mil hectares (5%), com os maiores incrementos no Maranhão (609 mil hectares ou 33,1%), Piauí (138 mil ou 11,4%), Pernambuco (223 mil ou 15,2%) e Bahia (347 mil hectares ou 7,2%). No Sudeste houve aumento de 1,5 milhão de hectares (cerca de 13%) nas áreas de lavoura, com destaque para Minas Gerais (aumento de 273 mil hectares ou 5,6%) e São Paulo (1,3 milhão de hectares ou 25,4%). Na região Sul, o aumento foi de 1,5 milhão de hectares (11,9%), concentrados no Paraná (979 mil hectares ou 17,9%) e Rio Grande do Sul (625 mil hectares ou 9,96%). Em ambas as regiões, o aumento verificado nas áreas de lavouras foi decorrente da migração das áreas de pastagens.

O Centro-Oeste registrou o maior aumento de áreas destinadas a lavouras: 4,7 milhões de hectares (63,9%), e todos os estados tiveram crescimentos importantes: Mato Grosso do Sul, 681 mil hectares (45,4%); Mato Grosso, 2,87 milhões de hectares (83,5%); Goiás, com 1,1 milhão de hectares (48,3%); e Distrito Federal, com aumento de 26 mil hectares (37,1%).

Soja foi a cultura que mais cresceu (88%) nos últimos dez anos

A incorporação de grandes extensões de terras das regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste pela agricultura bem como a intensificação da ocupação de terras no Sul e Sudeste são as mudanças principais nesta atividade, na comparação entre os últimos Censos Agropecuários. Destaque para as culturas de soja e algodão herbáceo no Mato Grosso, incluindo uma expansão em direção à Amazônia. Outro fenômeno foi a expansão de culturas comerciais no sudoeste de Goiás, Distrito Federal e do cerrado mineiro.

No período 1995/2006, a soja apresentou um aumento de 88,8% na produção, alcançando 40,7 milhões de toneladas, em 15,6 milhões de hectares, com um aumento de 69,3% na área colhida. Em termos absolutos, representa um aumento de 6,4 milhões de hectares, caracterizando a soja como a cultura que mais se expandiu na última década. Grande parte desta área pertence à região Centro-Oeste.

A cultura da soja, principal produto agrícola na pauta das exportações brasileiras, foi cultivada em 215.977 estabelecimentos, gerando R$ 17,1 bilhões para a economia brasileira. Segundo o Censo Agropecuário 2006, o Mato Grosso foi o maior produtor nacional de soja, com 10,7 milhões de toneladas, o que representou 26,2% da produção brasileira em 2006.

Com o objetivo de reduzir os custos de produção, os produtores optaram pelo cultivo da soja transgênica no Brasil: 46,4% dos estabelecimentos agropecuários que cultivaram soja em 2006 utilizaram sementes geneticamente modificadas, que foram cultivadas em cerca de 4,0 milhões de hectares. Também foi utilizada uma grande quantidade de semente certificada (44,6%) e, em 96,8% da área, a colheita foi realizada de forma totalmente mecanizada. Na maior parte das áreas cultivadas também foram feitos uso de agrotóxicos (95,1%) e adubação química (90,1%).

Algodão herbáceo tem maior aumento relativo de produção (188,6%)

Os 13.290 estabelecimentos que cultivaram o algodão herbáceo em 2006 produziram 2,4 milhões de toneladas, em 786.974 hectares colhidos, atingindo R$ 3,2 bilhões. O algodão herbáceo foi o produto que apresentou o maior aumento relativo de produção (188,6%).

O avanço tecnológico propiciou um acréscimo de 124,0% no rendimento médio das lavouras, e o Mato Grosso passou a ser o principal produtor nacional, com mais de 1,2 milhões de hectares, sendo responsável por mais da metade da produção nacional (52,4%). A fibra produzida no estado está entre uma das melhores do mundo.

O Oeste baiano também se transformou em um dos importantes pólos de produção de algodão herbáceo, tanto que em 2006 apresentou um rendimento médio 17,8% superior ao Mato Grosso. Neste ano, a produção baiana foi responsável por 27,2% da produção nacional.

Rendimento médio da produção de milho cresce 144,3%, nos últimos dez anos

Com o desenvolvimento de novas variedades híbridas que respondem melhor à adubação e são mais resistentes a pragas e doenças, o rendimento médio da produção de milho, que em 1985 foi de 1.476 kg/ha, atingiu 3.606 kg/ha em 2006, um crescimento de 144,3%. Em 2006, o milho foi cultivado em cerca de 2,0 milhões de estabelecimentos que produziram 42,3 milhões de toneladas em 11,7 milhões de hectares, alcançando R$ 11,4 bilhões.

Na última década, período em que o milho apresentou maior crescimento, a cultura teve grandes incrementos de produtividade (47,7%), bem superior à soja (11,5%). O aumento da produtividade, juntamente com o aumento de 12,2% na área colhida, proporcionou um crescimento de 65,7% na produção nacional de milho.

Produção de cana-de-açúcar gera R$ 19,6 bi em 2006

A tecnologia dos motores bicombustíveis contribuiu para um crescimento de 47,9% na produção de cana-de-açúcar no período de 1995 a 2006, atingindo R$ 19,6 bilhões em 2006, o maior valor alcançado por uma cultura. A ampliação da capacidade de moagem e o surgimento de novas usinas provocaram um aumento na área colhida em 33,3%, provocando a valorização das terras em várias regiões do país.

Nos últimos anos, a colheita mecanizada vem crescendo e, em 2006, 13,6% da área foi colhida desta forma. Contudo, em 91,6% dos estabelecimentos que respondem por 46,6% da área colhida, a colheita ainda foi realizada de forma totalmente manual.

Área colhida do café reduz 6,9%, mas rendimento médio cresce

Em 2006, a produção de café em grão foi de 2,3 milhões de toneladas e atinge um crescimento de 26,0% em relação ao Censo 1995-96. A redução de 6,9% na área colhida foi compensada por um acréscimo de 35,3% no rendimento médio. As condições meteorológicas, em geral favoráveis desde a época da floração, no final de 2005, foram a principal responsável pelos bons resultados de 2006. O Brasil é o maior produtor mundial de café.

O valor da produção alcançou R$ 8,6 bilhões, sendo que deste total, 85,9% foi gerado pelo café arábica, que por ser considerado um produto de qualidade superior, geralmente é melhor remunerado. O café arábica é o mais difundido no Brasil, sendo cultivado em 200.859 estabelecimentos agropecuários, o que representa 70% dos estabelecimentos que produzem café no Brasil. A maior parte dos estabelecimentos que cultivam esta espécie está localizada em Minas Gerais (52,2%), sendo responsáveis por 65,0% da produção nacional de café arábica.

O café canephora foi cultivado em 85.984 estabelecimentos, que ocuparam 395.560 hectares, produzindo R$ 1,2 bilhões, para uma produção de 471.037 toneladas.A maior parte dos estabelecimentos que cultivam a espécie canephora está localizada no Espírito Santo (41,1%), sendo responsáveis por 59,7% da produção nacional. Rondônia também possui uma expressiva quantidade de estabelecimentos cultivando esta espécie de café (29.638), que produziram 66.832 toneladas em 136.214 hectares.

Cerca de 70% dos estabelecimentos tinham produção animal em 2006

A pecuária foi a atividade econômica principal na maior parte dos estabelecimentos agropecuários pesquisados pelo censo, representando 44% do total de estabelecimentos estes com 62% de sua área total. Cerca de 70% dos estabelecimentos tinham produção animal, com valor da produção correspondendo a 21,2% da produção total.

Os dados do Censo Agropecuário 2006 refletiram as mudanças ocorridas no setor, a partir do fim dos anos 90, com a reestruturação da cadeia produtiva de carnes, a adoção de tecnologias e uma maior profissionalização que culminaram na liderança brasileira no mercado internacional de carnes de frango e bovina. O país se tornou o 4º maior exportador mundial de carne suína em 2006. A participação das exportações de carne bovina na produção nacional de carcaça passou de 1,2%, em 1996, para 17,8%, com aumento da exportação e a conquista de novos mercados, o mesmo para a carne suína e de frango.

Na última década, rebanho bovino cresce 12,1% e Pará registra maior aumento (119,6%)

O rebanho bovino brasileiro era de 171,6 milhões de cabeças em 31.12.2006; um crescimento de 12,1% em relação ao Censo Agropecuário de 1996, ressalvando-se que há uma diferença de datas de referência (em 1996, foi 31.07.1996). Havia 2.673.176 estabelecimentos com bovinos em 31.12.2006, sendo que foram contados 534.630 estabelecimentos que na referida data possuíam mais de 50 cabeças, totalizando 138,5 milhões destes animais (80,7% do rebanho total).

O maior rebanho bovino encontrava-se em Mato Grosso do Sul (20,4 milhões de cabeças), seguido por Minas Gerais (19,9 milhões) e Mato Grosso (19,8 milhões).

O Pará foi o estado que apresentou o maior crescimento relativo do rebanho bovino no período 1996-2006 (119,6%), e o Rio Grande do Sul a maior redução (-15,4%). Na Região Norte, Amapá foi o único que apresentou redução do efetivo bovino e, no Nordeste, apenas do Maranhão e da Bahia não registram queda, onde estão os dois maiores rebanhos da Região. A média do Nordeste só foi positiva graças ao aumento de 44,3% no rebanho do Maranhão, que cresceu 1,7 milhão de cabeças nestes dez anos.

Os maiores aumentos dos efetivos bovinos entre os censos foram nas Regiões Norte (81,4%) e Centro-Oeste (13,3%). As reduções do número de estabelecimentos com bovinos e dos rebanhos do Sul e do Sudeste mostram que a bovinocultura deslocou-se do Sul para o Norte do país, destacando-se, no período, o crescimento dos rebanhos do Pará, Rondônia, Acre e Mato Grosso. Nestes três estados da região Norte, o rebanho mais que dobrou, enquanto que em Mato Grosso o aumento foi de 37,2%.

O crescimento do rebanho bovino nacional ocorreu simultaneamente com a redução da área de pastagens (-10,7%) dos estabelecimentos agropecuários, indicando um aumento de produtividade das pastagens. A taxa de lotação em 1996 era de 0,86 animais/ha e foi de 1,08 animais/ha em 2006, acentuando-se a tendência de aumento da taxa de lotação observada entre os censos.

Do efetivo de 138,5 milhões de animais em estabelecimentos com mais de 50 cabeças, a principal finalidade da criação é corte (80,9% ou 112,0 milhões de animais), seguida da finalidade leite (16,3% ou 22,6 milhões de cabeças). Os estabelecimentos agropecuários com pelo menos 500 hectares de pastagens detinham 46,2% do rebanho de 138,5 milhões de animais. O total de animais vendidos declarados pelos estabelecimentos agropecuários foi de 34,6 milhões de cabeças.

A produção de leite tem crescido continuamente desde 1970, e ultrapassou os 20 bilhões de litros em 2006, sendo 12,4% superior à produção obtida no censo 1995/96. Houve redução no total de vacas ordenhadas, o que significa um aumento de produtividade da pecuária leiteira em 22,1%, de 1.307 l/vaca/ano em 1995/96 para 1.596 l/vaca/ano em 2006. 1,35 milhões de estabelecimentos declararam produção de leite de vaca em 2006, sendo o principal produto da pecuária em valor da produção (R$ 8,818 bilhões). Minas Gerais foi o maior produtor nacional de leite, com 27,9% da produção total, superior à soma da produção das Regiões Nordeste e Centro-Oeste. A seguir, estão Rio Grande do Sul (a maior produtividade: 2.501 litros/vaca/ano), Paraná e Santa Catarina.


O efetivo nacional de suínos, que vinha declinando desde o Censo Agropecuário de 1980, cresceu 14,9% em relação ao Censo de 1996. Em 1996, o Brasil exportou 4,5% da produção de carcaça suína, e 21,1% em 2006. Em 2006, o efetivo de suínos foi ligeiramente superior (2,3%) ao de 1985, mas o volume de animais vendidos (43,2 milhões de cabeças) foi 197% superior ao de 1985 (14,5 milhões de cabeças). Isso graças ao investimento dos suinocultores em genética, manejo, nutrição e sanidade animal para aumentar a precocidade e produtividade, atendendo às demandas interna e externa.

Em dez anos, o efetivo de aves (galinhas, galos, frangos, frangas e pintos) dobrou de tamanho, ultrapassando a marca do bilhão de animais alojados na data de referência (31.12.2006). Apesar deste aumento no efetivo, a relação vendidos/efetivo em 2006 apresentou uma reversão da tendência de aumento observada desde o Censo de 1970. Esta queda da razão de vendas está relacionada com a descoberta de focos da gripe aviária na Ásia, Europa e em alguns países africanos em 2006.

A produção de ovos de galinha cresceu mais de um bilhão de dúzias em relação ao último censo, atingindo 2,83 bilhões de dúzias. Havia 2,71 milhões de estabelecimentos agropecuários com existência de galináceos, mas apenas 1,66 milhões declararam produção de ovos. Destes, 30.641 estabelecimentos possuíam mais de 2.000 cabeças e alojavam 1,31 milhões de cabeças em 31.12.2006.

Produção agropecuária somou R$ 147 bilhões em 2006

Os estabelecimentos pesquisados obtiveram um Valor da Produção Total de R$ 147,26 bilhões, dos quais 77,07% (R$ 113,49 bilhões) oriundos da Produção Vegetal. Na produção vegetal, 64,61% (R$ 73,32 bilhões) foram obtidos pelas culturas de Lavoura Temporária, 22,25% pelas de Lavoura Permanente, 7,55% pela Silvicultura, 3,85% pela Horticultura, 1,18% pela Extração Vegetal e 0,56% pela Floricultura.

Já o valor na Produção Animal ficou concentrada nas atividades ligadas aos Animais de Grande Porte, responsável por 44,71% (R$ 13,64 bilhões) da Produção Animal Total. Em seguida, aparece a produção de Aves, com 34,56% (R$ 10,54 bilhões). Os animais de médio porte e os pequenos animais obtiveram 17,01% e 3,72%, respectivamente.

Em 2006, a receita somou R$ 122,63 bilhões. Os pequenos (área inferior a 100 hectares) geraram 47,13% deste total (R$ 57,79 bilhões), acima dos 25,49% (R$ 31,25 bilhões) dos médios e 26,62% dos Grandes (R$ 32,64 bilhões). Quando a variável em questão é a despesa, que somou R$ 111,29 bilhões no ano, há inversão: os grandes (área superior a 1.000 hectares) responderam por 38,29% (R$ 42,61 bilhões), os médios por 33,97% (R$ 37,81 bilhões) e os pequenos por 27,43% (R$ 30,52 bilhões).

A conta "Receitas Totais menos Despesas Totais" não pode ser realizada para indicar a lucratividade dos estabelecimentos grandes e médios, pois grande parte da Receita se relaciona ao Plantio da Safra de 2006 e a despesa é feita para o plantio a ser colhido na safra seguinte. Já o grupo dos pequenos, com despesas menos afetadas pela conjuntura (câmbio, preços das comodities, etc), é formado por estabelecimentos onde os gastos de um ano ao outro tendem a ser mais estáveis, e apresentaram diferença de R$ 27,27 bilhões entre receitas e despesas.

Dos produtores recenseados, 2.044.976 declararam ter receita externa às atividades do estabelecimento. Deles, 47,73% receberam recursos de aposentadorias e pensões, 34,91% receitas provenientes de programas especiais do Governo e 31,66% salários obtidos em atividade fora do estabelecimento. Dos que receberam receita oriunda de programas especiais do Governo, 74,79% são produtores cujos estabelecimentos se localizam no Nordeste. Nesta região também viviam 50,49% (492 mil) dos que declararam ter tido receitas oriundas de Aposentadorias ou Pensões. Eles captaram 45,27% dos recursos (R$ 2,62 bilhões).

Mecanização avança através da terceirização

Em 31 de dezembro de 2006, 530 mil estabelecimentos (10,2% do total) tinham tratores, num total de 820 mil unidades. Em relação a 1995-1996, houve incremento de 20 mil unidades, 2,6%. O aparente pequeno aumento na realidade é explicado pela substituição de tratores de menor potência (menos de 100 cv) por tratores de maior potência: em 1995-1996, 674 mil tratores (84,3% do total) eram de menos de 100 cv. Em 2006; a categoria de 100 cv e mais somou 250 mil unidades, aumento de 99,4% nesta categoria.

Do 1,56 milhão de estabelecimentos que declarou utilizar força mecânica, apenas 59,6% usavam força de procedência própria. Do total, 30,9% (484 mil) declararam usar força mecânica de serviço contratado com o operador; 5,3% cedida por terceiros, 6% cedida por governos, 4,7% cedida por empreiteiros, 4,1% de uso comunitário e 3,4% advinda de aluguel. Os números indicam o incremento da terceirização na mecanização da agropecuária, e que apenas o total de tratores existentes nos estabelecimentos não pode ser usado para explicar os avanços da mecanização rural.

Irrigação - Quanto ao uso de irrigação, 6,3% dos estabelecimentos declararam utilizar esta técnica, acusando um aumento de 39% no número de estabelecimentos agropecuários praticantes, em relação ao Censo anterior, apontando um aumento de 1,3 milhão de hectares (42%).A área irrigada compreendia 4,45 milhões de ha (7,4% da área total em lavouras temporárias e permanentes), com a seguinte distribuição: 24% da área irrigada no método de inundação, 5,7% por sulcos, 18% sob pivô central, 35% em outros métodos de aspersão, 7,3% com métodos localizados e 8,3% com outros métodos ou molhação.

Minas Gerais era o estado com maior número de estabelecimentos (48,39 mil) utilizando alguma técnica de irrigação, enquanto o Amapá aparecia em último, com 251 estabelecimentos. Quanto à fonte da água, 74,8% declararam utilizar fontes do próprio estabelecimento (69,5% da área total irrigada); 15,5% declararam utilizar fontes de fora do estabelecimento bombeada com equipamento próprio (28,4% da área) e 7,1% obtida de terceiros através de projetos particulares ou comunitários de irrigação (6,3% da área).

Data:12/10/2009 - Hora:15:10

Fonte: www.ecoamazonia.com.br

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