Brasil assumiu a
presidência das negociações na Rio+20.
Durante a noite, G1 teve
acesso a reunião que discutiu impasses.
Daniel Buarque, Dennis Barbosa, Giovana
Sanchez e Nathália Passarinho
As negociações para o documento final da
Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, alcançam quase
38% de consenso a quatro dias da chegada dos chefes de Estado e governo. De
acordo com o diretor do Departamento de Desenvolvimento Sustentável da ONU,
Nilchil Seth, 119 parágrafos foram aprovados em referendo.
Durante a noite, o G1 teve acesso à reunião
fechada em que delegados dos países discutiram os impasses que emperram a
finalização do documento. Os ministros de Relações Exteriores, Antonio
Patriota, e do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, participaram do encontro com
os chefes dos grupos de trabalho, assim como o secretário-geral da ONU para a
Rio+20, o chinês Sha Zukang.
O Brasil assumiu oficialmente na sexta-feira
(16) a presidência das negociações e agora organiza reuniões informais para
produzir um texto com que todos os países concordem.
Neste sábado (16), o diretor da ONU mostrou
otimismo das delegações para um acordo, apesar da relativa baixa porcentagem
tão perto da data limite. “As coisas estavam bem melhores do que há dois dias.
Muitos [diplomatas] disseram que mesmo que o resultado esteja em 38%, isso não
reflete a energia da sala. Eu mesmo falei com vários e muitos disseram que
estão encorajados com o clima positivo.”
Segundo Seth, o modelo de negociações mudou.
"Na minha opinião, não há mais tempo para negociações minuciosas, palavra
por palavra como houve antes. Acho que temos que entrar agora em uma outra
modalidade, não se negocia frase por frase, mas por blocos."
'Não estamos onde deveríamos'
Durante a reunião acompanhada pelo G1 à noite,
Sha Zukang afirmou que “ainda há muito trabalho a ser feito”, em um discurso
com um tom nada otimista. “Por quase dois anos, nós estivemos preparando-nos
para esta conferência, e nas horas finais, ainda não estamos onde deveríamos
estar”, prosseguiu. “Nosso trabalho duro não pode ser em vão. Não podemos
aceitar isso”.
Primeira página discurso feito pelo
secretário-geral da Rio+20, o chinês Sha Zukang, na reunião fechada da noite de
sexta-feira (15) na Rio+20 (Foto: Nathalia Passarinho/G1)
Por causa das divergências, os grupos de
trabalho continuarão a debater o texto até a próxima terça-feira (19). Os
embaixadores André Corrêa do Lago e Luiz Alberto Figueiredo,
negociadores-chefes do Brasil na Rio+20, não quiseram dar entrevistas após a
reunião. O ministro Antonio Patriota também se recusou a responder a perguntas
dos jornalistas.
Saiba a seguir detalhes do que foi dito na
reunião de delegados, que começou por volta das 11h de sexta (15) e terminou
depois da meia-noite:
Economia Verde
O tema foi apresentado pela delegação do
Canadá. Segundo os negociadores, o trabalho do grupo teve progresso
considerável nesta sexta-feira (15). “Temos acordo em sete parágrafos, e cinco
subparágrafos [do rascunho]. A discussão foi muito construtiva, com espírito de
colaboração e flexibilidade, o que contribuiu para o progresso”, disse a
delegação do país.
“Dos parágrafos em que temos acordo, há uma
moldura importante para a economia verde e alguns parágrafos que tratam de
temas que foram difíceis para muitas delegações. Considerando isso, o progresso
é muito positivo. A perspectiva de acordo é muito boa.”
Produtos Químicos
A delegação do México declarou que já há
acordo sobre a maior parte do texto nesta área "Apenas alguns poucos
assuntos continuam em aberto. Temos confiança de que, com o progresso
alcançado, podemos levar adiante um texto que vai permitir o processo de
encontrar um bom resultado nesse tema.”
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Desertificação
Segundo o delegado da Austrália, que
apresentou o balanço das negociações sobre o tema, “o grupo fez um ótimo
progresso e a ampla maioria do texto em geral já foi acordado. Em termos de
parágrafos acordados em rascunho, dois dos cinco parágrafos, o 1 e o 5, foram
acordados e muito dos outros parágrafos também.”
Segundo ele, um tema que continua em aberto é
a “proposta para um compromisso para um mundo livre de degradação da terra, que
continua em discussão”. No mais, há alguma discussão sobre linguagem.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
e Meios de Implementação
Segundo o delegado de Barbados, que apresentou
o balanço das negociações dos dois temas, houve muito progresso ao longo do
dia. “Tivemos discussões extremamente úteis no grupo de ODS. Nossa proposta
recebeu muito interesse das delegações, mas não tivemos tempo para finalizar as
consultas. Até que possamos fazer progresso no processo é pouco provável que
consigamos desbloquear muitos dos assuntos que estão sendo discutidos”, disse.
Negociador-chefe do Brasil, Luiz Alberto
Em relação aos meios de implementação, ele
disse que também houve um bom progresso. “As discussões foram vívidas e os
delegados demostraram muita flexibilidade. Houve o entendimento sobre como os
assuntos precisam ser lidados no corpo da seção.”
Ele disse que houve acordo na maior parte da
seção sobre capacitação, “exceto por detalhes menores." "O G77 e os
Estados Unidos não deram retorno para finalizar este paragrafo,” criticou.
Houve ainda a proposta de “deletar toda a
seção de comércio, com exceção do primeiro parágrafo, que já foi acordado.
Algumas delegações ainda não deram retorno para esta opção.”
Água e Mudança Climática
As delegações chegaram a acordo em dois
parágrafos relativos a água, segundo a delegada da Guatemala, que apresentou os
avanços no tema. “Não houve acordo em detalhes mais específicos e faltou acordo
em relação a águas internacionais.” Ela alegou que ainda é preciso atingir o
equilíbrio em relação a mudanças climáticas.
Redução de Desastres
A delegação do Japão alegou que houve
progresso nas negociações e que “foi formada uma mensagem simples, mas
forte".
Do G1, no Rio
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