No próximo
dia 20 de junho, na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, a Rio+20, o painel “Agropecuária e Sustentabilidade: exemplos de
sucesso” apresentará ao mundo experiências ambientalmente bem-sucedidas de
produção de gado no país.
Promovido
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o evento busca
alternativas econômicas "verdes" para o setor nos próximos 20 anos e
inclui a apresentação de cinco modelos de pecuária sustentável, com destaque
para o projeto Pecuária Verde, promovido no Nordeste do Pará pelo Sindicato dos
Produtores Rurais de Paragominas, com o apoio do Fundo Vale e da empresa Dow
AgroSciences.
Práticas
Sustentáveis
Entre os
cinco cases incluídos na programação, tem destaque a experiência paraense
desenvolvida no município de Paragominas, a ser apresentada por Mauro Lúcio
Costa, presidente do Sindicato local de produtores, diretor executivo do
projeto Pecuária Verde e proprietário da fazenda Marupiara, uma das áreas na
qual as boas práticas agropecuárias têm sido implementadas.
Iniciado em
2011, o trabalho já é considerado um modelo de sucesso no setor de produção
bovina e tem sido realizado por meio de seis fazendas modelos, selecionadas
para mostrar que as boas práticas nas relações trabalhistas, ambientais e no
manejo racional do gado podem contribuir para tornar ultrapassada a visão da
pecuária como sinônimo de desmatamento, maus tratos com animais e trabalho
ilegal.
Paragominas
foi escolhida para a implantação do projeto em função da mudança de atitude
adotada pelo governo local para retirá-lo da lista dos municípios desmatadores
da Amazônia desde 2008 , o que posteriormente serviu de base para a criação de
um programa estadual voltado à disseminação da experiência nos demais
municípios paraenses. “As práticas ambientais no município e dentro das
fazendas estavam bem consolidadas. Então houve a necessidade de se trabalhar
com a pecuária, já que a gente tinha a The Nature Conservancy (TNC) e o
Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) trabalhando no projeto
Município Verde”, explica Carla Ferrarini, assessora de gestão de projeto do
Pecuária Verde.
A partir
deste momento, mais de 600 propriedades passaram a ser levantadas por meio de
um diagnóstico realizado pelo Sindicato dos Produtores (SPRP) para o Cadastro
Ambiental Rural (CAR), uma exigência da Secretaria de Estado de Meio Ambiente
do Estado (Sema) para regularizar a situação das propriedades rurais.
Ao verem que
existia uma área verde considerável, os produtores perceberam a oportunidade de
regularizar a situação ambiental de suas propriedades e reverter a relação
entre a pecuária e o desmatamento. “Vimos que o quadro não era tão ruim quanto
nós imaginávamos. Hoje, nós sabemos que sempre houve um bom estoque de recursos
naturais preservados. Não temos mais de 1% de degradação em toda a Área de
Preservação Permanente (APP) levantada para a realização dos Cadastros
Ambientais", conta o palestrante Mauro Lúcio Costa.
Tal
diagnóstico foi realizado com a ajuda de um sistema de geoprocessamento de
imagens, que ajudou a levantar e quantificar as áreas de preservação permanente
e reserva legal (RL) degradadas, assim como as passíveis de serem melhor
aproveitadas por atividades agrícolas.
Além das ONGs
ambientalistas envolvidas, foram contratados para instruí-los a respeito das
formas de intensificar e melhorar o manejo das pastagens consultores da Escola
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) de Piracicaba e da Universidade
Estadual de São Paulo (Unesp). As recomendações dos especialistas são
essenciais para o aumento da produção em áreas menores e já abertas, o que
ajuda a evitar o desmate e a degradação de novas áreas florestais.
Recuperação
- Feito o diagnóstico, para recuperar as áreas degradadas, 60 mil mudas de
árvores foram plantadas em três fazendas do projeto: Santa Maria, Marupiara e
São Luiz.
O objetivo
do projeto é ser um modelo para as demais fazendas do estado e da região.
Segundo Fábio Niedermeier, coordenador da TNC em Paragominas no projeto
Município Verde, somando as propriedades participantes do projeto Pecuária
Verde e outras ligadas ao projeto Município Verde que também iniciaram o
plantio de espécies nativas da Amazônia, inicialmente serão 1280 hectares de
reposição florestal, o que torna a iniciativa pioneira na reposição de plantas
regionais em terras amazônicas.
Além de
melhorar a biodiversidade na área, em cinco anos espécies como o paricá poderão
ser manejadas de forma sustentável. “Além de melhorar a biodiversidade dessas
áreas de reserva legal, haverá um retorno econômico destas florestas para os
produtores”, ressalta Niedermeier.
(DOL com informações de assessoria)
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