Quando ainda estava internado, Cachoeira
acenou da janela do hospital.
Foto: Zuhair Mohamad/O Popular/Futura Press
O contraventor Carlinhos Cachoeira recebeu
alta e deixou, por volta das 8h50 desta sexta-feira, o Hospital Neurológico de
Goiânia, onde estava internado com sintomas de depressão e estresse desde o
último domingo. Acompanhado da mulher, Andressa Mendonça, e de um de seus
irmãos, Cachoeira aparentava estar feliz com a volta pra casa. "Estou
melhor, quero agradecer à equipe médica, a Deus e a todos que oraram por
mim", disse ele durante rápida fala à impressa na saída da instituição.
CPIs: as investigações que fizeram história
Cachoeira, o bicheiro que abalou o Brasil
Conheça o império do jogo do bicho no País
Cachoeira ainda prometeu que vai cumprir as
ordens médicas de permanecer em repouso em casa. Sobre a promessa feita quando
ainda estava preso, ele afirmou que vai se casar com Andressa em breve. "O
casamento sai este mês ainda." Durante a fala com a imprensa, ela se
declarou aliviada com a recuperação do companheiro.
Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo
ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na
Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos
após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então
ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto
esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
Escutas telefônicas realizadas durante a
investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador
Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a
violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais,
confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos
negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra
Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o
senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.
Com o vazamento de informações do inquérito,
as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas,
o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do
Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito
Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o
grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro,
escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono
da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de
recursos do governo federal nos últimos três anos.
Demóstenes passou por processo de cassação
por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho,
o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco
abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado
pelo voto dos colegas na história do Senado.
Em 21 de novembro, após 265 dias preso,
Carlinhos Cachoeira, deixou a penitenciária da Papuda, em Brasília. No mesmo
dia, o contraventor foi condenado pela 5ª Vara Criminal do Distrito Federal a
uma pena de 5 anos de prisão por tráfico de influência e formação de quadrilha.
Como a sentença é inferior a 8 anos, a juíza Ana Claudia Barreto decidiu soltar
Cachoeira, que cumprirá a pena em regime semiaberto.
No dia seguinte, o Ministério Público Federal
(MPF) de Goiás pediu nova prisão do bicheiro, com base em uma segunda denúncia
contra ele e outras 16 pessoas, todos suspeitos de participar de uma
intensificação de ações criminosas em Brasília. A Justiça ainda avalia o
pedido.
MIRELLE IRENE
Direto de Goiânia
Nenhum comentário:
Postar um comentário