Em
entrevista a um jornal local, o senador disse ter gravado a conversa com
o advogado e que, baseado nas declarações dele, iria pedir o
afastamento do juiz do processo da Assembleia, o que até agora não fez.
Ao
desmentir o senador, Hermógenes afirmou também que nunca tentou
extorquir Couto “em seu nome ou a mando de terceiros nem tampouco obter
vantagem ilícita ou de qualquer espécie”. Durante todo o depoimento no
Ministério Público, ele estava acompanhado de seu advogado, Alex Andrey
Lourenço Soares. Relatou que conhece Couto há muitos anos, desde os anos
90 e com ele mantém relações políticas a ponto de sua família, que é de
Muaná, já ter recebido apoio e também apoiar o senador. Couto visitava
seus familiares que retribuíam, apoiando-o nas eleições no Marajó. Na
eleição para o Senado, o apoio também não faltou.
Sobre os
encontros que ambos mantiveram nos últimos cinco meses, lembrou que o
primeiro foi na residência do senador, a convite do próprio Couto, em
Cuiarana, no município de Salinópolis, em junho. O tema era a eleição
para prefeito e vereador. Nesse encontro, que teria durado horas,
segundo relata, ele consumiu “várias doses de uísque“ servidas pelo
senador. Na ocasião, depois de falarem sobre política em geral, o
advogado pediu o apoio de Couto para a campanha de seu irmão em Muaná,
tendo o senador autorizado informalmente o uso de seu nome e sua imagem
na campanha do irmão do advogado, candidato a prefeito.
A certa
altura, Couto teria confidenciado que seria candidato a reeleição ao
Senado em 2014 e que estava enfrentando alguns problemas judiciais em
decorrência de investigações de sua gestão como presidente da AL, tendo
dito ainda que sua gestão foi igual à muitas outras havidas naquela casa
legislativa, e que se sentia perseguido porque tinham investigado a sua
gestão. Mas que iria resolver todos os problemas e estaria apto a
concorrer novamente ao senado.
A partir
daí, Couto começou a falar do seu processo, mas Hermógenes diz não
lembrar, “devido ao tempo decorrido e ao uísque ingerido, se chegou a
tecer algum comentário sobre esse assunto”.
Já o
segundo encontro, segundo o advogado, ocorreu duas semanas após o
primeiro, mas desta vez o convite do senador foi para que Hermógenes
fosse a sua casa, no conjunto Água Cristal, em Belém. O encontro começou
logo após o almoço e se estendeu até o final da tarde.
ENCONTRO
ENCONTRO
Hermógenes
disse que tomou várias doses de uísque antes e durante a conversa. Mais
uma vez, trataram de eleições municipais, além de futebol, e o apoio do
senador à campanha de seu irmão à prefeitura de Muaná, assim como as
pretensões políticas futuras de Couto e sobre a política em geral no
Marajó. O advogado recorda que também trataram de valores financeiros
para ajuda política, financiamento de campanha, emendas e projetos
parlamentares. No final, Couto voltou a tratar de seus processos na
Justiça.
Hermógenes
diz que a esta altura da conversa, talvez influenciado pelo clima ameno
do encontro, as boas perspectivas políticas que lhe acenava o senador,
além da bebida e o tom informal que a conversa tomou, “inclusive com
algumas bravatas”, talvez tenha “exagerado em suas colocações”.
Ele diz,
entretanto, que não passou disso pois “jamais se comprometeu com Mário
Couto a qualquer ato de interferência em seus processos ou de
intermediação na compra de decisão ou sentença favorável ao senador,
tanto que mesmo depois de cinco meses passados daquela conversa, não
teve mais qualquer outro contato com Mário Couto, seus assessores, nem
tampouco recebeu qualquer quantia em dinheiro para si ou qualquer outra
pessoa”. Garantiu que não conhece pessoalmente o juiz ou qualquer
assessor dele.
(Diário do Pará)
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