Segundo
índios Ticuna e Kokama, a Funai prometeu a realocação das famílias há quase
dois anos, mas até o momento nada foi feito pelo órgão
Mãe
indígena com criança de colo tem dificuldade de se locomover com filho (Antonio
Lima)
O
total de 12 famílias das etnias Ticuna e Kokama estão abrigadas de forma
precária em uma garagem no Centro de Manaus. Os indígenas, que vieram de uma
comunidade às margens do Rio Urubu, nas proximidades do município de Rio Preto
da Eva (AM), aguardam para serem transferidos para casas de conjunto
habitacional.
De
acordo com eles, a Fundação Nacional do Índio (Funai) prometeu a realocação das
famílias há quase dois anos, mas até o momento nada foi feito.A reportagem
apurou que este caso já foi encaminhado para a Justiça do Amazonas, por
determinação do Ministério Público.
O
coordenador da Funai em Manaus, Luiz Fernando Caldas Fagundes, foi procurado na
sede do órgão na tarde desta terça-feira (22), mas a reportagem foi informada
que o representante não iria atender a equipe por conta de uma reunião. Até o
fim desta terça-feira (22), a Funai não formalizou contato para se pronunciar
sobre o assunto.
Ratos
e baratas
Para
a indígena Kokama, Maria Coelho Fabá, 36, não há condições para que as famílias
continuem no local. “Aqui tá cheio de
bicho, ratos e baratas. As crianças
adoecem, sofrem com diarréia, gripe e febre”, contou.
Maria
acrescenta que a alimentação diária se torna difícil, e os cuidados com a saúde
são maiores. “Necessitamos de atendimento médico e estamos com pouca comida, a
Funai não trouxe mais as cestas básicas”.
HIV
Segundo
José Nazário de Souza, o José Ticuna, as famílias chegam a conviver em relação
conflituosa com uma indígena soropositiva. “Nós temos aqui uma pessoa portadora
do vírus HIV necessitando de um acompanhamento médico, o início do tratamento
dela está previsto para o dia 27 de junho”, contou.
A
indígena da etnia Ticuna, teria contraído o vírus de um ex-namorado, que também
pertence a mesma etnia. Ela disse à reportagem que está otimista com a
aproximação da ida ao médico, mas teme que o seu bebê de dois meses tenha
contraído a doença. Conforme relato, o indígena que não teve a identidade
revelada deixou o local onde as famílias se encontram, após descobrir que era
portador do vírus da AIDS.
De
acordo com os indígenas, além da falta de acompanhamento médico, existe a
necessidade de saneamento básico e problemas com a água consumida. “Aqui tem
apenas um banheiro pra várias famílias usarem. Temos apenas uma torneira pra
tomar banho, lavar roupa e beber água” afirmou uma das indígenas.
Fonte:
A Crítica
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