quarta-feira, 23 de maio de 2012

Famílias indígenas vivem de forma precária em garagem, no Centro de Manaus.


Segundo índios Ticuna e Kokama, a Funai prometeu a realocação das famílias há quase dois anos, mas até o momento nada foi feito pelo órgão

Mãe indígena com criança de colo tem dificuldade de se locomover com filho (Antonio Lima)

O total de 12 famílias das etnias Ticuna e Kokama estão abrigadas de forma precária em uma garagem no Centro de Manaus. Os indígenas, que vieram de uma comunidade às margens do Rio Urubu, nas proximidades do município de Rio Preto da Eva (AM), aguardam para serem transferidos para casas de conjunto habitacional.

De acordo com eles, a Fundação Nacional do Índio (Funai) prometeu a realocação das famílias há quase dois anos, mas até o momento nada foi feito.A reportagem apurou que este caso já foi encaminhado para a Justiça do Amazonas, por determinação do Ministério Público.

O coordenador da Funai em Manaus, Luiz Fernando Caldas Fagundes, foi procurado na sede do órgão na tarde desta terça-feira (22), mas a reportagem foi informada que o representante não iria atender a equipe por conta de uma reunião. Até o fim desta terça-feira (22), a Funai não formalizou contato para se pronunciar sobre o assunto.

Ratos e baratas

Para a indígena Kokama, Maria Coelho Fabá, 36, não há condições para que as famílias continuem no local.  “Aqui tá cheio de bicho, ratos e baratas.  As crianças adoecem, sofrem com diarréia, gripe e febre”, contou.

Maria acrescenta que a alimentação diária se torna difícil, e os cuidados com a saúde são maiores. “Necessitamos de atendimento médico e estamos com pouca comida, a Funai não trouxe mais as cestas básicas”.

HIV

Segundo José Nazário de Souza, o José Ticuna, as famílias chegam a conviver em relação conflituosa com uma indígena soropositiva. “Nós temos aqui uma pessoa portadora do vírus HIV necessitando de um acompanhamento médico, o início do tratamento dela está previsto para o dia 27 de junho”, contou.

A indígena da etnia Ticuna, teria contraído o vírus de um ex-namorado, que também pertence a mesma etnia. Ela disse à reportagem que está otimista com a aproximação da ida ao médico, mas teme que o seu bebê de dois meses tenha contraído a doença. Conforme relato, o indígena que não teve a identidade revelada deixou o local onde as famílias se encontram, após descobrir que era portador do vírus da AIDS.

De acordo com os indígenas, além da falta de acompanhamento médico, existe a necessidade de saneamento básico e problemas com a água consumida. “Aqui tem apenas um banheiro pra várias famílias usarem. Temos apenas uma torneira pra tomar banho, lavar roupa e beber água” afirmou uma das indígenas.


Fonte: A Crítica

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