sábado, 5 de maio de 2012

Para PT, religião não deve pautar eleição.


Cúpula do PT rebateu declarações de José Serra, a favor da participação das igrejas na campanha eleitoral

José Serra

A cúpula do PT rebateu declarações do pré-candidato tucano à Prefeitura, José Serra, a favor da participação das igrejas na campanha eleitoral. Líderes petistas e aliados do pré-candidato Fernando Haddad afirmaram que a “agenda religiosa” deve ser evitada para o “bem” da democracia.
“A religião não pode ir para o embate político. Isso é muito ruim, muito perigoso”, declarou o presidente estadual do PT, Edinho Silva. “Religião é de foro íntimo e pessoal. Trazer uma questão tão subjetiva, eu penso que é um retrocesso democrático.”

Reunidos em Embu das Artes, caciques petistas afirmaram que Haddad não tem problemas em debater nenhum tema. Mas o partido teme que a entrada de líderes religiosos na campanha provoque uma reedição da disputa presidencial de 2010, quando a pauta do aborto entrou em discussão.

O partido também tem receio de que o nome de Haddad seja colado ao chamado “kit gay” – material didático de combate à homofobia criado a pedido do Ministério da Educação quando ele estava na pasta. “Não gostaria de ver repetida aquela campanha fundamentalista, reacionária, obscurantista que ele (Serra) promoveu na última disputa”, disse o presidente nacional do PT, Rui Falcão.

Em reação a Serra, os petistas afirmam que a aproximação dele com as igrejas fere a imagem do tucano. Haddad, no entanto, também mantém conversas com líderes religiosos: anteontem, esteve com o bispo da diocese de São Miguel Paulista.

Coordenador da campanha de Haddad, Antonio Donato disse que a disputa deve ser marcada por propostas para a cidade. “A campanha do PT vai atingir a cidade, é isso que o cidadão quer discutir. Talvez Serra queira fugir de assunto difícil defender, que é a gestão Kassab, e busque outros temas.”

Conversa ‘institucional’

A equipe de Serra afirma que não planeja levar à campanha temas ligados a valores e princípios ou levantados por grupos religiosos. Seus aliados alegam que as conversas realizadas com padres e pastores têm caráter “institucional” e que ouvi-los é sinal de respeito à liberdade de expressão.

O time da campanha afirma que o contato com líderes religiosos tem peso na disputa do voto na periferia – onde o PSDB costuma ter seu pior desempenho contra o PT. Com esse objetivo, os tucanos começaram a se aproximar de padres que mantêm projetos sociais na zona leste da cidade.

Serra também disse que não tem interesse em incluir no debate eleitoral nenhum tema ligado a costumes. Em março, ele afirmou que apenas seus adversários levantam essas discussões. “Quem não fala em outra coisa são os petistas. Parece que têm receio desse assunto e atribuem aos outros uma ação que é deles.”

Fonte: Jornal da Tarde

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