"Arquiteto
Nabil Bonduki diz que cúpula vai apontar que outro mundo podemos ter"
A exatamente
um mês da Rio+20, membros da sociedade civil reunidos ontem em São Paulo em
debate sobre a conferência para o desenvolvimento sustentável manifestaram que,
nessa altura dos acontecimentos, o melhor que se pode esperar do evento é que
ele sirva para fortalecer a mobilização da sociedade.
'Os temas
que estão colocados na Rio+20 - economia verde, governança e erradicação da
pobreza - são como recomeçar o mundo. Sem dúvida são coisas que dependem de
acordos entre governos, mas temos a sensação de que esses acordos vão demorar
cada vez mais. Então é fundamental a sociedade se mobilizar por esses temas,
pressionar', afirmou o pesquisador da USP Pedro Roberto Jacobi, do Programa de
Pós Graduação em Ciência Ambiental.
Ele falou durante debate no evento Viva a
Mata, que celebra o Dia Nacional da Mata Atlântica, no domingo.
Jacobi
resumiu um sentimento que prevalece na academia, entre organizações não
governamentais e até entre os negociadores de alto nível de certo pessimismo
que a conferência não resulte em compromissos mais concretos para que o mundo
se encaminhe para o tão falado desenvolvimento sustentável.
A comparação
inevitável é com a Rio-92, vista como um momento que representou uma mudança de
paradigma.
'A Rio+20
significa um nada, um vazio. De 92 para cá o que aconteceu foi a não
implementação de tudo o que foi acordado. Só que passados 20 anos, temos hoje
muito mais dados e certezas de que caminhamos para um desastre ambiental e o
que acontece? Nada', disse João Paulo Capobianco, do Instituto Democracia e
Sustentabilidade.
'É uma
reunião sem entendimento mínimo sobre o que se espera dela, marcada pela falta
de líderes, e que não vai enfrentar nosso pior problema, que é a falta de
governança, a incapacidade de implementar acordos que nós mesmos fizemos',
Para o
economista Ricardo Abramovay, também da USP, só uma forte pressão social
poderia levar a conferência a alcançar pelo menos uma nova forma de medir e
avaliar o crescimento econômico que seja alternativa ao Produto Interno Bruto
(PIB).
'Precisamos entrar no mérito do que o sistema econômico de fato está
oferecendo para a sociedade para podermos julgar se essa oferta aumenta o
bem-estar das pessoas ou não e se está comprometendo os serviços ofertados pela
natureza ou não.'
Estadao.com.br
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